segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pode ser a gota d'água


Qual a medida certa? Preciso encontrar respostas imediatas para indagações surpresas. Ultimamente as indagações chegam e se instalam sem pressa para sair, folgadas, isso que elas são. Vez e outra encaram-me com voracidade capaz de incitar questionamentos intermináveis: Qual a medida certa? Certamente a medida em questão está curiosa quanto as minhas desmedidas.

Fazer-se (des)medido não é fácil e entender o valor da medida certa é muito mais complicado para quem preserva uma vidinha pacata. Lembro-me que li algo sobre transbordar e achei válido; Amar é um ato de transbordamento, perdoar também é deixar-se transbordar e isso não vem à conta gotas.

O que eu quero dizer é que só sabemos a medida quando questionamos o certo; Posso preferir dosagens alternadas de felicidade e angústia, seriedade e loucura, beijos e tapas, por que não? Essa é a minha forma de calcular o equilíbrio, é o meu caráter, sou eu. Sustentar-se assim, saudavelmente bêbado, condiz com essa realidade em que estar sóbrio não significa muita coisa. Certo?

(José Avelino)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A pedra


Não sei voltar. Fato constatado em minhas recentes atititudes de vida. Aprender a olhar muito adiante tem seus preços: Esquecer do presente negligenciando o passado ou por desatenção tropeçar em pedras no meio do caminho. Dias atrás a vontade de ser ontem me seduziu, pude sentir um pouco do que fui, andar como costumava, visitar lugares que me construíram. Apreciei cada momento com um sabor diferente, sabor de ontem, de sobras da ceia passada, estranhamente gostoso. Mesmo assim, a saudade não chegou aos meus ouvidos, nem ouvi discursos mentais pedindo um "um quero mais". Questionei como pensava daquela maneira, abraçava daquela forma, não falava o necessário e, ao fim, olhei para trás com respeito pelo que sou hoje. Lembrei-me que respeitar não significa querer voltar, aliás, não poderia nem saberia, a pedra no meio do caminho norteou-me.

(José Avelino)

domingo, 8 de maio de 2011

Rascunho # 1


Me reconheci em teus olhos, nada casual. Apenas vi e enxerguei, enxerguei-me. Aquele olhar de mística cínica abriu janelas pelas quais ouso pulá-las. Acho que não queria tanto. Se reconhecer pela pupila só demonstra o quanto somos... Somos um quase nada. Vazios na densidade desses olhares.

(José Avelino)