quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"A mão que afaga é a mesma que apedreja"


Primeiro escrito em parceria com minha amiga/irmã Lídia Gabriela. Que venham mais, sem pressa, sem tempo, pra ontem. Ao som de Cazuza e embalados pelas palavras de Augusto dos Anjos.

Ontem e amanhã se misturaram na estranha dúvida:
És partida ou chegada?
Tantas ídas, tantas voltas e do hoje não saímos.

Na véspera os pensamentos precederam torturas
tonturas, loucuras de um coração à partir.
Partindo por algo à menos.

O que procuras?
O ontem ou o amanhã?
Quero apenas o hoje só pela vontade de negar a possibilidade do amanhã
e a saudade do ontem

Quero apenas o hoje
Com gosto de fruta mordida
Quero apenas o hoje
Por hoje
Pra ontem

(José Avelino/Lídia Gabriela)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fechem as portas


Correu para a rua deixando a porta aberta. Já não era só tristeza.
O suor revelava uma testa brilhante de antigas ideias. Andava rapidamente com súbitas corridas, alguém o espera ou à espera de alguém? Já não era só aflição.
A verdade o dominava, a mesma que um dia foi mentira e outrora fábula. Sabia o que queria e no olhar abraçava todos à sua frente, sem retorno, sem relaxar as pálpebras. Já não era só medo.
Abrir mão de uma vida previamente ensinada exige muito dos dedos. Dedos que indicam, apontam, sinalizam caminhos. Já não era só procura.
Sem mais, encontrou-se no gramado em meio a cidade. Naquele instante percebeu-se único e talvez merecedor de uma felicidade qualquer, mesmo sem saber fechar a porta. Era só esperança, já não é mais.

(José Avelino)