quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Transbordamento


Quando somos copo dágua a tolerância é facilmente abraçada. Estamos sujeitos a paciência sem nos atentar para o quanto podemos suportar. Pensamos em litros e não percebemos que a medida real é mililitros. Copo americano, entendem? Em 250ml muitas gotas são reservadas adequadamente, sem desespero, entretanto, somos esse pouco com mania de grandeza, mania de poço. Aos demais, aparentamos poços profundos com água límpida capaz de saciar tudo, inclusive a sede. No introspecto, sabotamo-nos diariamente pelos lábios que nos bebem à demasia. Contudo, o vazio não é sentido, ele inexiste pela sede que sempre permitirá a última gota, a gota dágua. E daí transbordamos.
Ainda não estou cheio.

(José Avelino)