domingo, 11 de março de 2012

É grave doutor?


Quem sofre de viver sempre acha açoites para afastar de si a falsa patologia. É na autoflagelação cotidiana que se evidencia na pele marcas de uma expectativa obvia: Sentir o inesperado tão esperado.
Acha-se então que a qualquer momento sentimentos inesperados aparecerão e abraçarão esse corpo flagelado de pouco viver. Como se aparentemente tudo estivesse no ar, como fuligem de fumaça que gruda aos poucos nas paredes dos prédios. Dá uma vontade imensa de aprisionar todo ar nos pulmões afim de filtrar-lo para, quem sabe, impregnar algo de bom nos alvéolos.
Mas cansa respirar isso tudo.
E quando se pensava que viver era a causa de tanta angústia, o diagnóstico aponta para problemas no sistema respiratório.

(José Avelino)

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