terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fechem as portas


Correu para a rua deixando a porta aberta. Já não era só tristeza.
O suor revelava uma testa brilhante de antigas ideias. Andava rapidamente com súbitas corridas, alguém o espera ou à espera de alguém? Já não era só aflição.
A verdade o dominava, a mesma que um dia foi mentira e outrora fábula. Sabia o que queria e no olhar abraçava todos à sua frente, sem retorno, sem relaxar as pálpebras. Já não era só medo.
Abrir mão de uma vida previamente ensinada exige muito dos dedos. Dedos que indicam, apontam, sinalizam caminhos. Já não era só procura.
Sem mais, encontrou-se no gramado em meio a cidade. Naquele instante percebeu-se único e talvez merecedor de uma felicidade qualquer, mesmo sem saber fechar a porta. Era só esperança, já não é mais.

(José Avelino)

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