A expectativa consumia a todos, afinal era uma experiência interessante visitar uma escola municipal no turno noturno para apresentar a campanha contra o extermínio de jovens. Queríamos envolver toda a comunidade escolar. Para isso, preparamos dinâmicas, estudamos dados, criamos diversas situações para melhor expor as idéias e efetivar o objetivo diante das possíveis dificuldades que enfrentaríamos.
Chegamos!
Silêncio incômodo. Teria aula nesta noite? Talvez seja cedo, talvez o transporte escolar não tenha chegado, talvez seja normal, estranhamente normal.
Entramos...
-Olá diretor, nós somos...
-Ah, sei, me disseram, a escola é de vocês!
O poder em mãos, a cabeça cheia de perguntas e um sentimento: apreensão.
Nos corredores, impressões nos flecham e retornam. Direcionamo-nos nas paredes sujas, nas portas quebradas, na rampa inutilizada, e somos atingidos por olhares que nos associam a uma comida nunca antes experimentada: O que é isso? Será que é bom? Engorda?
A angústia me domina.
A rotina é quebrada.
Apresentamo-nos em meio a carência estrutural e humana estabeleciada e reproduzida pelos mesmos "donos" de não sei o quê. Quem deveria libertar aparenta cristalizado nos pensamentos estáticos e imutáveis.
Então abrimos a boca. Falamos, tentamos falar, envolvemos, tentamos envolver. Tentativas traduzidas em esperança para aqueles que conseguimos manter um diálogo, algo muito válido diante de todo contexto. Saímos de nossas bolhas individuais e entramos em outra totalmente descalços, sentindo o chão que pisamos. Chão que insistimos em mascarar e banalizar sua aspereza.
Ao toque da música todos se tornaram um, em sentimento, em força, em desejos e em incômodo. Sim, em incômodo para os que dormem no pseudo ofício de governar, dirigir, coordenar e ensinar. Seja numa escala macro ou micro, a existência de culpados é pouco relevante diante dos papeis que estão aí, prontos para serem exercidos. Seria o vício da crítica pela crítica?
- Então é isso pessoal, obrigado pela atenção e até a próxima.
A tão necessária merenda é servida, voltamos ao cotidiano conhecido. Infelizmente nesta noite não fomos o prato principal. A despedida calorosa me deixa indignado, estranho não acha? Sou apenas mais um estranho nesse mundo de normalidades "deglutíveis".
Chegamos!
Silêncio incômodo. Teria aula nesta noite? Talvez seja cedo, talvez o transporte escolar não tenha chegado, talvez seja normal, estranhamente normal.
Entramos...
-Olá diretor, nós somos...
-Ah, sei, me disseram, a escola é de vocês!
O poder em mãos, a cabeça cheia de perguntas e um sentimento: apreensão.
Nos corredores, impressões nos flecham e retornam. Direcionamo-nos nas paredes sujas, nas portas quebradas, na rampa inutilizada, e somos atingidos por olhares que nos associam a uma comida nunca antes experimentada: O que é isso? Será que é bom? Engorda?
A angústia me domina.
A rotina é quebrada.
Apresentamo-nos em meio a carência estrutural e humana estabeleciada e reproduzida pelos mesmos "donos" de não sei o quê. Quem deveria libertar aparenta cristalizado nos pensamentos estáticos e imutáveis.
Então abrimos a boca. Falamos, tentamos falar, envolvemos, tentamos envolver. Tentativas traduzidas em esperança para aqueles que conseguimos manter um diálogo, algo muito válido diante de todo contexto. Saímos de nossas bolhas individuais e entramos em outra totalmente descalços, sentindo o chão que pisamos. Chão que insistimos em mascarar e banalizar sua aspereza.
Ao toque da música todos se tornaram um, em sentimento, em força, em desejos e em incômodo. Sim, em incômodo para os que dormem no pseudo ofício de governar, dirigir, coordenar e ensinar. Seja numa escala macro ou micro, a existência de culpados é pouco relevante diante dos papeis que estão aí, prontos para serem exercidos. Seria o vício da crítica pela crítica?
- Então é isso pessoal, obrigado pela atenção e até a próxima.
A tão necessária merenda é servida, voltamos ao cotidiano conhecido. Infelizmente nesta noite não fomos o prato principal. A despedida calorosa me deixa indignado, estranho não acha? Sou apenas mais um estranho nesse mundo de normalidades "deglutíveis".
(José Avelino)